A evidente insatisfação do presidente Lula com o patamar dos juros e a meta da inflação praticada no país tem ecoado na bolsa de valores brasileira, que viu seu principal índice cair com a escalada desse embate.
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Paralelamente, o dólar, que chegou a ser cotado abaixo dos R$ 5 no início do mês, encerrou a semana passada na casa dos R$ 5,22, mesmo com o forte fluxo de investidores estrangeiros visto nas últimas semanas.
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De acordo com Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, essa volatilidade é explicada pela postura cautelosa dos investidores.
“Esses indicadores [bolsa e dólar] mostram uma cautela dos investidores diante da postura do presidente Lula e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que falam de mudança da taxa de juros e mudança no sistema de meta de inflação”, diz.
“Os investidores querem entender qual o motivo desses ataques ao Banco Central, uma instituição com autonomia por força de lei, e qual será a reação do próprio BC diante desse tipo de embate. A gente viu isso em 2015 e o resultado foi desastroso para economia brasileira”.
Agostini avalia que a pressão para redução do patamar dos juros acontece em qualquer país do mundo, mas não na intensidade que tem sido aplicada aqui no Brasil.
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“O que não pode é esse ataque desenfreado. O Banco Central já está preparado para começar a reduzir os juros a partir de junho, porque a gente tem um cenário de desaquecimento da economia global, o que pode trazer a inflação para baixo. Só que esse embate colocou o BC contra a parede”.
O mercado financeiro passou a ver a Selic, taxa básica de juros da economia, mais alta neste ano pela primeira vez nesta segunda-feira, de acordo com o Boletim Focus, divulgado pelo BC.
A taxa é projetada em 12,75% no fim de 2023, ante 12,50% na semana anterior. Para 2024, a previsão é que a Selic chegue em 10% para o próximo ano, ante 9,75% na semana anterior.
O economista pontua também que o Brasil tem uma necessidade de país emergente quando olhamos para os fatores de produção do país.
“Quando há um crescimento muito rápido, a inflação sobe, porque a gente não tem ganho de produtividade. Ou seja, a gente não consegue produzir muito para atender a demanda e o preço cresce rapidamente. O Brasil tem o anseio de ter uma inflação de país desenvolvido, mas tem condições estruturais de país emergente”.
Para ele, a discussão em torno da meta de inflação também é válida, mas não sob pressão. “Essa discussão tem que ser feita apresentando aspectos técnicos. Não pode ser uma decisão política”, finaliza.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Críticas ao BC derrubam Bolsa, fazem dólar disparar e retardam queda de juros no site CNN Brasil.
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