O aperto de política monetária em outros países tem impacto sobre o câmbio no curto prazo, mas é deflacionário para o Brasil no médio prazo, disse nesta quinta-feira (10) o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen.

Em evento promovido pelo Itaú Asset Management, Guillen argumentou que, apesar do efeito cambial (a alta de juros nos Estados Unidos, por exemplo, tende a valorizar o dólar e encarecer produtos importados pelo Brasil), o aperto monetário no exterior abre o hiato global do produto –espaço que a atividade tem para crescer sem pressionar os preços, considerando a capacidade instalada de produção.

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Na apresentação, o diretor afirmou que os mecanismos de transmissão da política monetária no Brasil estão operando conforme o esperado, argumentando que o BC já observa uma mudança de mix nas concessões de crédito. Após dizer que há impacto em setores mais sensíveis ao crédito, ele citou como exemplo os financiamentos de veículos, que já mostram reflexos do aperto nos juros.

Análise do BC, segundo ele, mostra que o volume de crédito está se desenvolvendo como o esperado para as concessões a pessoas físicas, mas ainda está “um pouco mais forte” nos financiamentos a empresas.

Guillen mencionou que há incerteza em relação às variáveis que compõem o hiato do produto no Brasil. Um desses itens é o comportamento do mercado de trabalho, que o BC tem “olhado bastante”, segundo ele, ressaltando que o patamar dos salários está baixo, mas subindo acima da inflação.

O diretor afirmou que há dificuldade de medir qual o nível de taxa de desemprego no país que não pressiona a inflação.

“Tem esse debate por conta da reforma trabalhista, será que mudou? A gente está vendo a taxa de desemprego caindo, mas ela já vai gerar inflação? Qual é esse nível?”, disse.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Alta de juros no mundo afeta câmbio, mas é deflacionária para o Brasil, diz BC no site CNN Brasil.

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