As horas de caos no aeroporto central de São Paulo destaparam a discussão sobre o uso do segundo aeroporto mais movimentado do Brasil. Após cancelamentos de centenas de voos, empresas aéreas defendem a restrição de aviões de pequeno porte – como o envolvido no incidente – em Congonhas.

Operadores da aviação executiva rebatem a acusação e dizem que aeronaves menores sempre conviveram em segurança com as rotas comerciais, seja em Congonhas ou no restante do mundo.

Enquanto as aéreas ainda tentavam recolocar passageiros, a Abear (Associação Brasileiras das Empresas Aéreas) divulgou nota em que fez firme defesa da mudança do uso do aeroporto paulistano.

“A Abear destaca a importância de restringir a operação de aeronaves de baixa performance na pista principal de Congonhas a fim de agilizar a recomposição da malha nacional e atender os milhares de passageiros que precisam ser transportados”, cita o documento divulgado na tarde desta segunda-feira (10).

Na nota, a entidade que representa Gol e Latam, entre outras, informou ainda que em 29 de setembro entregou ofício à Infraero “recomendando a adoção definitiva dessa medida, visto que os impactos causados por incidentes na pista principal de um aeroporto de grande porte impactam milhares de passageiros em todo o Brasil”.

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Se não puderem usar Congonhas, a aviação executiva teria como alternativa pousar nos aeroportos de Campo de Marte, na zona norte da capital paulista; Guarulhos; Catarina, em São Roque; ou Jundiaí.

A AOPA Brasil (Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves) nega qualquer risco à operação e reafirma, em nota, a segurança da operação de táxis aéreos e aeronaves particulares. “Os dados falam por si só: os grandes acidentes que ocorreram em Congonhas envolveram aeronaves da aviação comercial”, cita nota publicada no site da entidade, que menciona que toda a discussão pode ter relação com o interesse das aéreas nos horários do aeroporto.

Em grandes capitais com mais de um aeroporto, a aviação executiva convive com as linhas comerciais. Entre os exemplos lembrados pelo setor, estão London City, em Londres; La Guardia, em Nova York; e Aeroparque, em Buenos Aires.

Briga pelos slots

A discussão sobre o uso de Congonhas é antiga. Como aeroporto central da principal metrópole brasileira, o terminal é o destino mais desejado e concorrido em toda a aviação nacional, seja pelas empresas comerciais, companhias de táxi aéreo ou proprietários particulares. Tudo isso gera grande disputa pelos horários de pouso e decolagem, os chamados slots.

Atualmente, o aeroporto paulistano tem até 41 movimentos de pouso ou decolagem por hora. Desses slots, oito por hora são reservados para a aviação executiva, sendo seis na pista auxiliar e dois na pista principal. Aviões executivos de maior porte só podem pousar e decolar da pista principal – a usada pelos jatos das aéreas comerciais em Congonhas.

E mesmo quando há movimento exclusivamente na pista auxiliar o uso da principal fica comprometido porque não são permitidas operações simultâneas devido à proximidade das duas pistas.

E essa briga pelos horários tende a crescer nos próximos anos com o terminal administrado pela espanhola Aena, o que deve dinamizar a operação de Congonhas.

A Abag (Associação Brasileira de Aviação Geral) foi procurada, mas ainda não se posicionou sobre o tema.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Após caos, grandes aéreas defendem restringir aviões pequenos em Congonhas no site CNN Brasil.

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