Ibovespa ronda estabilidade e dólar ultrapassa R$ 5,20 com aversão a riscos

O Ibovespa recuava 0,05%, cotado a 110.495 pontos, por volta das 10h25 desta quinta-feira (15), rondando a estabilidade. O índice é pressionado pela aversão a riscos no exterior e pela queda das ações ligadas ao petróleo, que compensam a alta dos papéis que acompanham a alta do minério de ferro na China.

No mesmo horário, o dólar subia 0,72%, a R$ 5,215, também refletindo um movimento de valorização no exterior em meio à cautela no mercado devido às preocupações com a desaceleração da economia global enquanto grandes economias tentam combater a inflação por meio de altas de juros.

A valorização ante o real ocorre mesmo após o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado a prévia PIB (Produto Interno Bruto), ter alta de 1,17% em julho. O valor superou as expectativas do mercado, reforçando a leitura de uma economia doméstica melhor que o esperado.

Divulgado na terça-feira (13), o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de agosto nos EUA desacelerou no acumulado de 12 meses para 8,3%, mas teve variação mensal positiva de 0,1%, com alta no núcleo.

O dado frustrou o mercado, que projetava deflação de 0,1% na comparação mensal, e agora passou a esperar uma política monetária do Federal Reserve (Fed – banco central norte-americano) mais agressiva.

Uma alta de 0,75 ponto percentual nos juros em setembro ainda é a opinião majoritária do mercado, mas o IPC abriu margem para apostas em uma elevação ainda maior, de 1 p.p. Além disso, levou a apostas de um ciclo mais duro, com altas maiores em novembro e dezembro.

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Na quarta-feira (14), o dólar teve queda de 0,22%, a R$ 5,178. Já o Ibovespa recuou 0,22%, aos 110.546,67 pontos.

Sentimento global

A aversão global a riscos dos investidores, desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, tem variado de intensidade dependendo das expectativas sobre o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos.

O processo de elevação da taxa norte-americana continuou em julho com uma nova alta de 0,75 ponto percentual. Entretanto, o Federal Reserve sinalizou que poderia realizar altas menores conforme a economia do país já dá sinais de desaceleração, buscando evitar uma recessão.

Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.

Os investidores monitoram ainda a situação da economia da China, que também dá sinais de desaceleração ligados a uma série de lockdowns em cidades relevantes. A expectativa é que o governo chinês intensifique um esforço para estimular a economia, enquanto enfrenta dificuldades para reverter um quadro de baixo consumo pela população, o que impacta a demanda do país por commodities.

Mesmo assim, o Ibovespa e o real encontraram espaço para recuperação com uma melhora de humor do mercado, apoiada nas perspectivas positivas para as commodities, um cenário econômico doméstico mais forte e uma redução da percepção de riscos em relação às eleições. O cenário, entretanto, pode mudar dependendo do grau de aversão a riscos no exterior.

*Com informações da Reuters

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