iluminação pública

A iluminação pública, um dos ativos urbanos mais tradicionais, deve ser cada vez mais encarada como o embrião das cidades inteligentes. É a partir da modernização dessa infraestrutura que se consegue criar múltiplas camadas de tecnologia utilizada em prol do cidadção. Esse foi o ponto central de painel no Smart Cities Mundi 2025, evento organizado pelo Tele.Síntese.

O maior destaque do painel, moderado por Pedro Vicente Iacovino, diretor-presidente da Associação Brasileira das Concessionárias de Iluminação Pública (ABCIP), foi o consenso de que a iluminação pública deixou de ser apenas um serviço básico e passou a integrar o ecossistema de transformação digital agregando conectividade, segurança, gestão eficiente e novos serviços urbanos por meio de parcerias público-privadas (PPPs).

O setor vive um crescimento exponencial. Já são 143 contratos assinados em 173 municípios, alcançando 25% da população brasileira com investimentos que somam R$ 32 bilhões. Hoje, a iluminação pública é a porta de entrada para a cidade inteligente e o avanço nos próximos anos será ainda maior.

Para Leonardo Santos, diretor-presidente do Instituto de Planejamento e Gestão de Cidades (IPGC), o grande gargalo está na gestão pública. “Ainda lidamos com servidores municipais que operam com papel e caneta, enquanto o setor privado já fala em inteligência artificial”, disse.

O IPGC, que participou da estruturação de cerca de 30% dos atuais contratos, está lançando o primeiro consórcio nacional de cidades inteligentes, com a ambição de reunir os 5.570 municípios brasileiros para viabilizar PPPs em escala microrregional.

Para ter uma ideia do impacto financeiro das contas públicas em resultado, o diretor-presidente cita o exemplo de Goiânia. A cidade montou um ecossistema de soluções com iluminação, energia solar, câmeras e Wi-Fi por R$ 4,7 milhões ao mês de contraprestação na PPP. Já Belo Horizonte, que fez uma PPP só para iluminação há 10 anos, paga R$ 9,7 milhões. “O benefício de integrar serviços é indiscutível. Os projetos estão cada vez mais acessíveis e a eficiência do ecossistema contratar isolado não faz mais sentido”.

Anderson Jacopetti, CTO da operadora Alares, destacou que a conectividade é a espinha dorsal das cidades inteligentes, e que apenas redes móveis não dão conta do volume de dados exigido por soluções como videomonitoramento e sensores em tempo real. “Atuamos em 228 municípios e já implementamos 60 projetos de cidades inteligentes. A iluminação pública é a gênese, mas o que sustenta tudo é a fibra óptica”, explicou.

Já Giacomo Quarta, CEO do Grupo Telebit, com operações no Brasil e Itália, defendeu a importância da inteligência digital além da infraestrutura. “Criar valor é oferecer soluções completas, que incluam conectividade e análise de dados. A infraestrutura por si só é passiva”, disse.

Alexandre Dal Forno, Diretor de IoT & 5G da TIM Brasil, reforçou a ideia de Jacopetti, afirmando que sem PPPs não há como viabilizar os modelos de negócio sustentáveis para o IoT nas cidades. “O modelo de contratação por menor preço inviabiliza a eficiência. Nossa solução Smart Light já opera em 29 cidades e comercializou 340 mil pontos de iluminação inteligente no Brasil”, afirmou.

Francisco Scroffa, head de mercado não regulamentado da Enel, compartilhou a experiência do grupo, que administra 3,5 milhões de pontos de iluminação pública globalmente. “Entramos em PPPs no Brasil desde 2020. Começamos por Angra dos Reis, que hoje é uma cidade inteligente, com Wi-Fi em praças, estacionamento inteligente, iluminação eficiente, entre outros serviços”, relatou Scroffa. Além de Angra dos Reis, a empresa tem mais oito PPPs no país nos estados da Bahia, Pernambuco (Jaboatão e Caruaru), Minas Gerais (Cataguases), Paraná (Maringá e Ponta Grossa ), Rio Grande do Sul (Caxias do Sul) e São Paulo (Itanhaém). “São mais 350 mil pontos no Brasil, somos o terceiro operador de iluminação publica do país.”

Todos os participantes do painel convergiram em torno da ideia de que as PPPs são o caminho mais viável para transformar a iluminação pública em plataforma de inovação urbana. As parcerias trazem investimento privado, expertise técnica e soluções integradas com garantia de manutenção e operação por até 25 anos.

“Vender equipamento para prefeitura é um desserviço. Faz sentido desenvolver um projeto com critério técnico e segurança jurídica. O município pequeno pode se consorciar com outros para atrair investimentos e reduzir custos. Há várias formas de fazer”, concluiu Leonardo Santos.

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